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Em Rio Branco, graffiti começa a ser visto como arte

 

Por muito tempo confundido com pichação, ato de marcar os muros, o graffiti tem começado a conquistar um espaço diferenciado em Rio Branco. É o que diz Matias Souza, acreano considerado um dos mais antigos artistas na cidade.

Para Souza, apesar de ainda haver grupos que não se preocupam com o impacto da arte na cidade, a mudança na visão está totalmente ligada à capacitação dos graffiteiros que encaram a arte como profissão.

"Hoje o graffiti em Rio Branco está sendo encarado com um olhar diferente, pois existem pessoas se capacitando e se tornando verdadeiramente graffiteiros e não, simplesmente, pessoas que demarcam lugares com rabiscos sem sentido", afirma.

Para o acreano Alberto Costa, mais conhecido como TRZ, a arte já é muito reconhecida no mundo todo e o número de artistas locais aumentou, mas ainda existe um caminho a percorrer.

 “Como essa cultura é relativamente nova, existe aquela questão de confundir com pichador e não dar tanto valor a nossa arte, mas a maioria culturalmente favorecida sempre tem dado espaço e só vem crescendo o número de eventos e locais com o graffiti”, comenta.

De acordo com a presidente da Fundação Elias Mansour (FEM), Francis Mary Alves, os acreanos já têm uma outra relação com as manifestações artísticas que utilizam os espaços urbanos. "A sociedade aceita e interage com as obras elaboradas pelos grafiteiros, compreendendo melhor o papel do grafitti e o diferenciando da pichação", fala.

Francis Mary disse ainda que manifestações com o graffiti e o hip-hop, por exemplo, têm a capacidade de levar uma mensagem para as pessoas. "São manifestações que mostram a alma, o coração das cidades", complementa.

 

Graffiteiros importantes

Visto como um dos pioneiros no graffiti em Rio Branco, Matias Souza (26) aprendeu a personalizar paredes em Brasília (DF). O artista voltou ao Acre em 2000 e relembra que a primeira pintura que realizou na capital foi a carvão, já que não havia no mercado material adequado ao graffiti.

Em 2001, quem surge no cenário da arte urbana é Alberto Costa (34), chegando do Rio de Janeiro, local onde morou até os 22 anos de idade. Junto com dois amigos e o irmão, Costa formou o coletivo “Bio Crew”. "Bio é o nome da tampinha do spray. Foi meu primeiro grupo aqui", explica.

Tiago Tosh (31) é o graffiteiro responsável pela maioria das pinturas de povos indígenas nas paredes de Rio Branco. O artista é nascido no Rio de Janeiro e veio ao Acre em busca das origens do Daime. Com traços marcantes e olhos brancos, os índios do artista inauguraram o estilo “Etnograffiti” no Acre.

Fruto de uma oficina dada por Tosh, o mineiro Mahatma Silva (assina suas obras com Maha), graffita há dois anos e desenvolve traços mais realistas, sempre pintando a partir de imagens de antemão escolhidas. "Sou novo no movimento, mas depois da passada do Tosh aqui, o graffiti ganhou outra visão. Para quem não conhece é tudo igual, mas o impacto do graffiti sendo arte mostra naturalmente a diferença", finaliza.

 

 

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